Moda

Weider Silveiro segue evoluindo sua feminilidade contemporânea com novas interpretações de plissados, alfaiataria e florais para esta edição da SPFW

05 jun 2022 • por Nina Kauffmann • 0 Comentários

Womanizer é uma palavra em inglês usada para se referir a homens conquistadores, mas Weider Silveiro subverte o termo para batizar a coleção que protagoniza a terceira participação do estilista na São Paulo Fashion Week, a segunda em formato presencial. “A coleção se chama Womanizer porque eu sou absolutamente womanizer, tirando a conotação sexual, claro. Sou um admirador da figura feminina”, explica Weider. O culto ao feminino é o eixo central de seu trabalho, e ele segue evoluindo sua interpretação do corpo da mulher a partir do que começou na coleção para o verão 2022. As referências do repertório do estilista vão desde a beleza helênica, que pauta a cultura visual do Ocidente desde a Grécia Antiga, até os atuais códigos do vestir, influenciados pelas tendências de comportamento de hoje, para construir roupas práticas, urbanas e, sobretudo, femininas.

Os elementos que definem a identidade da marca Weider Silveiro, como as estampas florais, a alfaiataria e os plissados, demonstram a evolução contínua da estética do estilista e ganham apelo mais contemporâneo nesta temporada. Técnica que ganha destaque na coleção, os plissados chegam através da principal inspiração da linha: a couturière francesa Alix Grès, que ficou conhecida mundialmente como Madame Grès e atuou na alta-costura entre 1933 e 1988. Mesmo sendo menos famosa que outros grandes nomes, a estilista foi uma das mulheres vanguardistas — como Coco Chanel e Elsa Schiaparelli — que, nos anos 30, inovaram a moda parisiense, mostrando uma forma de vestir sintonizada com a liberdade feminina, que então se instalava. E continua atualíssima, até hoje. Madame Grès traduzia tudo isso através de peças fluidas e cheias de movimento, elaboradas com drapeados intrincados feitos como esculturas em tecido, que logo ganharam a preferência das clientes dos ateliês de couture de Paris e se tornaram referência de técnica na história da moda.

A liberdade de movimentos, a forma de contornar a silhueta com sensualidade e elegância e as linhas limpas fazem os drapeados destacarem a força do feminino. Madame Grès sempre foi um parâmetro para o trabalho de Weider que, em 2007, fez uma coleção inteiramente inspirada na criadora e a vê como um nome em total sintonia com o vestir atual. “Admiro o preciosismo dos drapeados manuais dela, assim como acho sua silhueta muito contemporânea. Ela faz uma supermulher, feminina e forte”, diz o estilista. A coleção tem 20 looks, compostos por cerca de 40 peças, que além dos plissados e drapeados, destaca ainda a estampa floral desenvolvida por Weider para a linha, um floral bicolor com motivos maiores do que costuma usar.

Como é característico do trabalho de Weider, a cartela de cores é enxuta, com um tom vibrante pontuado por outros neutros e sóbrios. Quem ilumina a paleta do verão é o azul piscina, também composta por prata, off-white e preto. A mistura de texturas, elementos muito importantes para Weider, equilibra bem pesos e toques diversos, como mostra a escolha dos tecidos. A matéria-prima vai desde o leve voil até malhas encorpadas em jersey, passando por veludo, ponto roma e paetê. Para quem cria as peças pensando em cada detalhe, como é o caso do estilista, os tecidos também precisam ter desenvolvimentos únicos, que o estilista realiza com a tecelagem parceira Nanete Têxtil.

Atualmente, Weider produz em seu ateliê (atendimento sob medida e vendas pelo Instagram @weidersilveiro), enquanto se organiza para retomar as entregas para clientes de atacado. Mas não pretende abrir mão de sua essência slow fashion e da lógica artesanal em peças que carregam assinatura, informação de moda e que, principalmente, não são peças impossíveis e geram desejo de consumo.

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