Moda

Jean Paul Gaultier se relança no prêt-á- porter

31 maio 2021 • por Nina Kauffmann • 0 Comentários

Menos de um ano e meio após a despedida das passarelas do seu fundador, a marca Jean Paul Gaultier vai se relançar no prêt-à-porter com uma coleção criada em colaboração com cinco designers, entre os quais Ottolinger e Palomo Spain.

Trata-se da primeira coleção de prêt-à-porter da maison parisiense desde 2015, ano em que a Jean Paul Gaultier, recém-comprada pelo grupo Puig – o clã catalão que também controla as marcas Carolina Herrera, Dries Van Noten, Paco Rabannee Nina Ricci -, decidiu interromper as suas atividades neste domínio.
 
A coleção – dividida em cinco lançamentos separados ao longo do verão – presta homenagem às diversas comunidades que inspiraram a casa desde a sua criação e será revelada a tempo do mês do orgulho LGBTQI +.

As criações homenageiam Querelle, o último filme de Rainer Werner Fassbinder, inspirado no romance de Jean Genet. Uma história explosiva e sombria de rivalidade, assassinato e sexualidade que se desenrola numa frota marítima no porto de Brest. Daí um tema emblemático, que coincide com as obsessões do costureiro: a famosa blusa listrada estilo marinheiro.

Impulsionada por “um desejo de incorporar os valores de liberdade, aceitação e criatividade assumida”, a marca pediu a Nix Lecourt Mansion, Ottolinger, Palomo Spain, Alan Crocetti e Marvin M’Toumo que criassem cada um uma silhueta ou uma gama de acessórios que, segundo eles, refletisse a genialidade de Jean Paul Gaultier.

A camisa listrada surge, portanto, disponível em seis versões, sendo uma delas oversized. Nix Lecourt Mansion desenhou um body em malha preta adornado com cristais, cujas riscas abraçam os contornos do corpo, enquanto a Palomo Spain concebeu um espartilho floral memorável. A Ottolinger criou macacões com riscas distorcidas, Alan Crocetti uma joia cônica em forma de sutiã e Marvin M’Toumo acessórios de “conchas e crustáceos”.

“Rasgadas, distorcidas, maltratadas e transcendidas, as listras ganham uma conotação sensual e hipersexualizada para 2021”, explicou a maison em comunicado.

Todos os aspectos do universo Gaultier estão presentes, do chapéu de marinheiro da Marinha dos Estados Unidos, agora decorado com a sua assinatura, aos vestidos curtos com gola de marinheiro inspirados nos uniformes clássicos, passando por um biquíni de oficial da marinha e por anéis de sereia e colares bússola em corrente douradas. A coleção inclui várias reinterpretações de calças de marinheiro em jeans, por vezes desabotoadas até às nádegas. Nesta coleção estival também estão presentes artigos vintage – a marca está comprometida com o upcycling.

Ao longo da sua carreira, o couturier francês liderou o movimento em prol da desconstrução das categorias de gênero, uma posição mantida pela sua marca desde a sua reforma. A sua loja online não exibe categorias de gênero e cada modelo é usado por homens e mulheres.

Jean-Paul Gaultier apresentou o seu último desfile de alta-costura em janeiro de 2020. Em julho, Chitose Abe, da Sacai, apresentará a primeira de uma série de coleções de alta-costura imaginadas por criadores convidados.

O compromisso político da marca não se limita à sua nova coleção de prêt-à-porter: a marca pediu recentemente para duas ativistas, Roxanne Maillet e Mari-Mam Sai Bellier, criarem uma t-shirt estampada com o nome do criador, declinado em escrita inclusiva – Jean-ne Paul-e Gaultier-e.

A nova coleção de prêt-à-porter estará à venda a partir de sexta-feira, 28 de maio, no site da marca e, em seguida, exclusivamente no site da SSense.

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