Michael Kors celebrou o seu 40.º aniversário com uma performance musical do cantor Rufus Wainwright; com o desfile noturno e, um vídeo de 20 minutos gravado fora e dentro do Shubert Theatre, localizado na Brodway, em Manhattan; com uma coleção vintage-with-a-twist para o outono-inverno 2021/2022 e com a participação de convidados lendários da Broadway, invadindo as ruas por entre cartazes luminosos. Foram todos revelados coletivamente, na manhã de terça-feira (20 de abril), através de uma transmissão ao vivo diretamente de Nova York (NY).
“Todos temos sentido um grande desejo de estar em comunidade, de fazer viagens e de ter experiências, por isso a ideia da minha amada Broadway estar fechadas e todas as pessoas talentosas estarem desempregadas me parte o coração… Portanto, esta é uma carta de amor para a Broadway; para o teatro; para as performances ao vivo e para Nova York”, explicou o próprio Kors numa vídeo chamada Zoom, com jornalistas europeus, um dia antes da comemoração da data simbólica.
Kors lançou, no seu website, o vídeo do aniversário, que foi gravado à noite no famoso teatro de Nova York, com modelos tomando a rua entre cartazes iluminados para depois se encontrarem numa atuação musical protagonizada pelo cantor Rufus Wainwright.
O evento foi dividido em duas partes, entre uma visita ao Sardi’s – o restaurante mais famoso da Broadway, desde 1927, conhecido pelas caricaturas de celebridades da Broadway e de artistas nova-iorquinos (cerca de mil), encomendadas ao artista russo-americano Alex Gard, que faleceu em 1948, aos 48 anos. Por cada caricatura foi paga uma refeição por dia. No vídeo da Michael Kors, as caricaturas ganham vida, e as lendas vivas remetem para os looks favoritos da marca.
O elenco da Michael Kors inclui as atrizes Ariana DeBose, Ashley Park, Bernadette Peters, Bette Midler, Chita Rivera, Cynthia Nixon, Marisa Tomei e Rosario Dawson; os atores Alan Cummings; Billy Porter e Matt Bomer, falando em janelas do Zoom, como quadros pendurados na parede do restaurante, até Kors chegar para elogia-los.
O designer de moda – um grande fã de teatro – fez uma doação ao The Actors Fund e manifestou a sua preocupação com o futuro deste setor, numa entrevista ao jornal especializado em moda, WWD, na qual revelou que apenas 40 pessoas assistiram fisicamente ao “espetáculo” devido às restrições imposta pela COVID-19.
“Fazer o bem nunca pareceu tão bom”, disse Nixon, agradecendo a um Kors com a barba por fazer, a generosa contribuição para o Actors Fund, uma instituição de caridade que apoia artistas e trabalhadores dos bastidores. A contribuição da Broadway para Nova York também não pode ser subestimada, proporcionando quase 100.000 empregos locais e gerando anualmente 15 bilhões de dólares para a economia local.
Kors anunciou no verão passado que deixaria de realizar os seus desfiles habituais durante a New York Fashion Week, juntando-se a uma longa lista de estilistas que optaram pelas próprias datas e formatos para mostrar as suas criações, nomeadamente devido às mudanças que o setor enfrenta por causa da pandemia.
Fez-se luz no processo de pensamento do estilista ao assistir à exposição sobre moda, intitulada About Time, no The Costume Institute, a qual registra um século e meio de trajes, concentrando-se em vestuário atemporal.
Como resultado centrou-se nos próprios arquivos, que livremente admitiu serem “terríveis”, uma vez que foi presenteando amigos com uma série de roupas. Esta coleção para o outono-inverno 2021/2022 joga com os estilos e motivos icônicos de Kors, desde estampados gráficos de grandes felinos a silhuetas de ombros poderosos para extravagantes roupas esportivas americanas.
Para celebrar o aniversário, Michael Kors criou a cápsula MK40 Reissue, uma curadoria especial de looks inspirada nos arquivos. Todos datam de mais de 20 anos, mas foram reproduzidos e redesenhados para hoje, com um código QR na etiqueta, para que o cliente possa descobrir a história de cada qual, e transformá-la numa peça de arquivo.
“O fio condutor é sempre esta justaposição entre a opulência, glamour, simplicidade e facilidade”, confessou Kors, demorando três segundos a pronunciar a palavra ‘facilidade’.
Embora seja um designer quintessencial de Nova York, a cidade natal do bilionário da moda Kors é Merrick, em Long Island. Trata-se de uma pequena cidade insular, situada no sudeste do estado de Nova York (ao leste da ilha de Manhattan), notada por vultos como Mario Puzo, o escritor do The Godfather (1969); Paul Krugman, o economista galardoado com o Prêmio Nobel de Economia de 2008 e Ed Begley, o ator de cinema que participou de vários westerns.
Depois de Kors apresentar a “carta de amor” a Nova York, o vídeo que festeja uma noitada no bairro teatral da cidade desdobra-se em imagens da Broadway com supermodelos como Bella Hadid, Carolyn Murphy, Helena Christensene Naomi Campbell, desfilando em uma rua da Times Square, com conjuntos glamourosos em preto ou vermelho, e com estampas de zebra, lantejoulas e pele.
Seu elenco de modelos desfilou então pela rua 44, passando pelo Sardi’s: as veteranas Bella Hadid num caban vermelho de couro com patente e Carolyn Murphy numa gabardina de leopardo. Um trio de ternos snazzy com saias curtas em estampados de zebra, pied-de-coq ou chita. Enquanto que as escolhas do arquivo transformadas em contemporâneas incluíam calças de lã em xadrez; casacos de chita à medida; calças de couro com luva de corte preciso; e casacos puffer com acabamento tartan.
No final, a abundância de polimento urbano e de glamour numa série de vestidos metálicos divinais: vestido cocktail elástico com pinturas feitas à mão e decote com penas de marabu; e outros explosivos de tapete vermelho com Helena Christensen num longo vestido prateado cingido ao corpo, cintilando ao estilo de vidro partido; e Naomi Campbell brilhando num vestido de lantejoulas pretas. Mais uma vez, uma lembrança ao Sardi’s onde foi inventado o Tony Award (ou Antoinette Perry Awards for Excellence in Theatre, o maior e mais prestigiado prêmio de teatro dos EUA), o que fez todo o sentido.
“É o oposto deste look atual confuso, desmazelado e francamente desalinhado a que todos nós nos habituamos agora. Trata-se de sair definitivamente do casulo. Estamos começando a ouvir as pessoas pensarem alto: ‘O que vou fazer na véspera de Ano Novo? Onde estarei no Natal? Como quero me vestir quando voltar para o escritório, sem terminar a minha vida em chinelos e calças moletom!’ Este outono será o momento de aprender a andar de saltos altos outra vez, porque todos vão querer se pavonear”, disse Kors, cujo elenco acabou sentado dentro do Schubert com distanciamento social, e toda a atenção roubada pela atuação de Rufus.
Trabalhando numa miscelânea de clássicos da Big Apple – City Lights (1931), New York State of Mind(1976) e There’s No Business Like Show Business (1954) – Rufus adormeceu em camisa e smoking de colarinho aberto.
“Obrigado a todos pelos 40 anos de memórias incríveis”, concluiu Michael Kors, aplaudido e acompanhado por Rufus Wainwright com um enorme sorriso.