Enquanto estava cursando moda na Central Saint Martins, Kévin Germanier usava de lençóis a sobras de tecidos dos colegas como material para seus trabalhos e tarefas. E não (ainda) por uma consciência sustentável: por necessidade. O que a princípio era uma dificuldade, se transformou em grande diferencial da marca própria do suíço, que estreou na semana de moda de Paris em março deste ano.
Seguindo esse caminho, foi por acaso, enquanto estava na China graças a um prêmio por sustentabilidade, que Kévin encontrou o que seria o grande turning point de sua carreira: miçangas que iriam para descarte por não seguirem o padrão da fábrica. Ele comprou todas as que pode por um valor simbólico e começou a experimentar técnicas de uso nas suas coleções. Resultado: um efeito único, comparável a bordados de alta-costura, que demorou dois anos para ser amadurecido e hoje leva apenas 48h para ser concluído.
Se luxuosas na aparência e no acabamento, elas priorizam materiais de segunda-mão garimpados pela equipe de seis pessoas que compõem seu ateliê em Paris. Esse paradoxo, por assim dizer, além do tempo de confecção, inspirou o estilista a usar o termo fast-couture para descrever as criações, que levaram a Matches a comprar sua primeira coleção e a fechar exclusividade como ponto de venda – um desafio para os dois lados.
“Eu dizia ‘posso fazer essa saia em amarelo se você comprar 20 peças, mas se você quiser 50, eu não tenho miçangas o bastante e terei que usar amarelo e laranja'”, explicou ao Business of Fashion, “criatividade e sustentabilidade estão no mesmo nível no meu cérebro, e nunca será sobre fazer algo um pouco menos sustentável ou vice-versa. O mundo nunca vai evoluir se pensarmos assim.” E completa: “se não conseguimos produzir 100 peças, não é não. E tudo bem dizer não.”
Pode ser difícil que grandes nomes abandonem práticas há anos cimentadas na indústria, mas, se considerarmos seu verão 2019, apresentado em setembro, Kévin já tem aliados de peso: Christian Louboutin foi quem cocriou os sapatos da apresentação, feitos a partir de sobras de couro da grife de acessórios.
Pode ser difícil que grandes nomes abandonem práticas há anos cimentadas na indústria, mas, se considerarmos seu verão 2019, apresentado em setembro, Kévin já tem aliados de peso: Christian Louboutin foi quem cocriou os sapatos da apresentação, feitos a partir de sobras de couro da grife de acessórios.
14 out 2018 • por Nina Kauffmann • 0 Comentários