Moda, Novidades

DESFILE CROISIÈRE 2019 – CHANTILLY, FRANÇA

03 jun 2018 • por Nina Kauffmann • 0 Comentários

Cada uma das mulheres apresentadas (neste volume) é única e plural, ao mesmo tempo ela mesma e muitas outras, ilustres ou anônimas aos nossos olhos, mas sempre com algum traço em comum.” Nicole Loraux, La Grèce au féminin
As escaramuzas são amazonas tradicionais mexicanas que reivindicaram o direito de participar da charreada – prática equestre que consiste em executar várias provas em público – assim como os homens. Essas mulheres com corpos esculturais, vestidas com roupas que afirmam sua feminilidade (saia ampla, bordados, cores, chapéu, flores) inspiraram Maria Grazia Chiuri, Diretora Artística das coleções femininas da Dior. Para as criações da coleção Croisière 2019, ela interpretou de forma contemporânea esses elementos que conjugam tradição e liberdade.
As saias amplas e extravagantes são usadas com casacos acinturados que realçam a fineza da cintura, marcada por um cinto alto. Diferentes materiais pontuam a coleção, a exemplo do tecido de Jouy, grande clássico da confecção francesa que foi revisitado e modernizado com uma série de animais selvagens, como o tigre e a serpente. As rendas, ora leves, ora opulentas, sobrepostas em babados plissados ou perfeitamente arredondadas, são valorizadas pelas botas pretas emborrachadas contrastando com elementos mais contemporâneos: as saias em tule e o tailleur Bar se transformam adotando uma atitude convicta. O tule desabrocha na força do vermelho e nas sobreposições de cores poudrées.
A potência dessas mulheres solidárias, que evocam as sororidades consagradas à transmissão de um savoir-faire artesanal em uma forma de liberdade criativa comum, incitaram Maria Grazia Chiuri a trazer de volta uma série de materiais de confecções típicas para reinterpretá-los com técnicas contemporâneas. A imagem da amazona, de uma beleza angustiada oriunda da antiguidade, também a incentivou a explorar essas roupas que transgridem os gêneros em sua dimensão esportiva. Assim, os casacos em algodão japonês são associados a calças de formatos variados, a saias estilo calça e a saias cujos plissados lembram o modelo Drags, vestido da tarde de Alta Costura elaborado por Christian Dior para a coleção primavera-verão 1948. O visual é completado com a bolsa emblemática Saddle, revisitada por Maria Grazia Chiuri, com uma camisa masculina branca ou listrada, e com uma fina gravata preta.
A coleção também traz alusões à obra A Casa dos Espíritos, primeiro romance da escritora chilena Isabel Allende, que traça o retrato de figuras femininas independentes. Os chapéus de palha com abas largas, realizados por Stephen Jones, são usados com vestidos brancos, bordados com métodos tradicionais de confecção, com incrustações de rendas que trazem versões gráficas graças à utilização do preto. Assim, Chantilly, cidade ligada à tradição da renda e da montaria francesa, oferece um ambiente único a essa coleção.




OS ACESSÓRIOS
Retrospectiva em imagens dos acessórios principais da coleção, inspirados nas amazonas mexicanas.



Cenografia
Inspirada nas tradições mexicanas e no espírito das Grandes Ecuries de Chantilly, a cenografia estava à imagem da coleção.

Comente Aqui

Posts Anterior
Próximo Post