A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, inaugura a programação 2021 com exposição sobre Fayga Ostrower, uma das artistas mais marcantes do século XX. A mostra Fayga Ostrower- Imaginação Tangível, com curadoria de Carlos Martins, que conta com patrocínio do Bradesco, estará em cartaz, a partir do dia 30 de janeiro, na Estação Pinacoteca e apresentará, em 130 trabalhos, um panorama de uma das pioneiras da gravura abstrata no Brasil. Autodidata, inovadora e múltipla em suas realizações, o público poderá apreciar a pluralidade das obras que se relacionavam com a literatura, estamparia, arquitetura, ampliando os limites tradicionais das técnicas de xilogravura e gravura em metal, criando um vocabulário muito particular.
A exposição, que faz parte das celebrações do centenário de nascimento de Fayga, está organizada pelos interesses que norteavam suas preocupações. Em um primeiro momento, os Anos de Formação, onde é visível o uso das narrativas literárias pela artista que se inspirava nos livros para criar imagens e aprimorar o aprendizado da gravura. E mesmo sendo em caráter de experimentação artística, algumas séries acabaram sendo descobertas e publicadas. É o caso de uma edição da obra O cortiço, de 1948, que conta com a ilustração de doze gravuras de Fayga, realizadas em 1944. Logo os seus trabalhos ganham destaques e a mostra trará alguns exemplares, inclusive de encomendas de editoras, como as ilustrações para as obras “Invenção de Orfeu” e “Terra Inútil”, onde Fayga foi responsável até mesmo pela capa. A artista também realizou contribuições sistemáticas para suplementos de arte de alguns jornais da época, onde teve a chance de colaborar com outros artistas importantíssimos como Mário de Andrade e Cecília Meirelles.
Em um segundo momento da mostra, quando a artista já está segura de sua opção pela linguagem abstrata, é possível observar uma Fayga obtendo reconhecimento nacional e internacional, como as gravuras que fizeram com que ela ganhasse o Grande Prêmio Internacional de Gravura na Bienal de Veneza em 1958, além da grande virada da carreira dela. Na década de 50, a artista abandona a figuração e parte para abstração, para composições mais livres. Um dos marcos dessa fase é a edição de um álbum com 10 gravuras, cinco delas serão mostradas. “São raríssimas, muitas dispersaram e não existem mais, temos essas cinco que são do próprio acervo da Pinacoteca. É interessante porque essa seleção é um divisor de águas na carreira dela, pois determina o caminho que Fayga quer seguir, suas propostas estilísticas, como ela mesma dizia, e a partir de então, são traços que privilegiam forma, ritmo e cor, em composições puramente gráficas”, explica o curador da exposição, Carlos Martins, que acompanha as obras de Fayga desde 1983.
Os trabalhos agora impactam pela harmonização das cores e das composições. As estampas, também produzidas a partir desta época, reverberam na libertação da geometria. Acompanhando o impulso que a arquitetura no Brasil passava no período, com o surgimento de construções mais modernistas, Fayga passa a produzir tecidos como arte aplicada que poderiam ser usados em estofamento, decoração de interiores.
Como as estampas eram abstratas, a produção não foi aceita pela indústria e Fayga, junto com um sócio, passou a produzir sem o apoio das fábricas. Na exposição, uma seleção inédita de 19 mostruários, confeccionados entre 1951 a 1956, exemplifica as características desses trabalhos, como o pouco uso das cores, o cuidado em criar estampas que simbolizassem “conforto” para que o público pudesse conviver durante muito tempo nos ambientes. As amostras das estampas pertencem ao acervo da família.
Em um terceiro núcleo, a mostra nos conduz a Expressões Gráficas, onde o visitante perceberá a aproximação de Fayga, já no final dos anos 60, com outras técnicas de trabalho, como serigrafia e litografia. Em Produções Gráficas estão apresentados os cartazes de divulgação das suas exposições desenhados por ela mesma. “Fayga tinha essa curiosidade de imagem impressa, sem preconceito, o que interessava para ela era a multiplicação da imagem, fazer uma proposta visual que possa e tenha caráter, mesmo que multiplicado sobre o papel por qualquer tipo de mídia…, veículo para utilizar as técnicas mais variadas de expressão gráfica”, completa Carlos Martins.
Abertura: 30 de janeiro de 2021
Período: De 30.01.21 a 31.05.21
Ingressos
Gratuito, mas a entrada só é permitida com a reserva pelo site www.pinacoteca.org.br.