Truque centenário e até outro dia restrito a maquiadores profissionais, o contour perde o mistério e se torna o artifício número 1 para realçar e definir o rosto. Victoria Ceridono ensina como usar
Não há termo mais quente no universo da beleza hoje que contour – o que não deixa de ser intrigante, uma vez que o jogo de luz e sombra que cria volumes e realça o rosto é velho conhecido dos pintores renascentistas e usado há décadas por maquiadores profissionais em fotos e vídeos. Mas é justamente este o pulo do gato: da noite para o dia, o contorno ganhou as ruas e virou um truque “vida real” – basta observar a quantidade de produtos lançados especificamente para esse fim nos últimos meses e a proliferação de tutoriais sobre o assunto no YouTube.
Irresistivelmente simples e eficaz como feijão com arroz, o contorno é um truque de maquiagem indetectável, mas capaz de realçar seu rosto em questão de segundos. Em tempos de satisfação imediata, exposição constante e filtros que transformam uma foto boba em um ótimo (auto)retrato, ele se tornou a melhor opção tanto para quem gosta de fazer maquiagem completa quanto para as adeptas do “make nada”.
Ainda que popular e possível de ser feito em casa, adotar o contour assusta muita gente. É que, apesar de simples de ser executado, pode ter resultados desastrosos quando mal utilizado e, por ser uma técnica importada do universo da fotografia, deve ser suavizado para a vida real (Kim Kardashian que o diga). Além disso, é preciso ter o produto adequado e treinar um pouco até pegar o jeito – estudar seu rosto e entender quais pontos deverão ser “afundados” e quais ressaltados é a chave para se sair bem.
Mais do que afinar, o objetivo do contorno moderno é a de refinar suas feições, criando a ilusão de bochechas mais definidas (use como referência o osso e escureça logo abaixo dele executando um movimento diagonal); sombreando estrategicamente a linha da mandíbula e laterais do nariz e testa; e iluminando abaixo dos olhos, das sobrancelhas e no centro da testa e do queixo.
O mapa do rosto contornado – basta dar um Google com as palavras-chave para encontrar inúmeras opções – ajuda a entender melhor esse passo a passo. E na esteira da popularização da técnica, surgiram outros ótimos recursos como o aplicativo Pocket Contour, da Sephora americana, que analisa sua foto para detectar o formato natural do seu rosto e, então, sugerir onde usar a luz e onde se beneficiar da sombra.
Com tantos produtos sendo lançados em nome da técnica, não é nada fácil escolher o ideal. A versão mais simples é o duo, com um tom escuro para “afundar” e um claro para iluminar – prático e à prova de erros. Já os kits que trazem uma gradação de tons, caso do trio da Smashbox e da paleta com cinco cores da Laura Mercier, dão a possibilidade de brincar com efeitos diferentes, do mais suave ao mais dramático. São também uma alternativa para recorrer à técnica tanto no inverno quanto no verão, quando o rosto fica mais bronzeado.
Em relação à textura, há duas opções: em pó, que deixa o resultado mais evidente (aplique com um pincel e deixe a mão bem leve para não cometer exageros); e cremosa, que tem acabamento mais sutil e pode ser espalhada com o dedo – escolha entre os estojos compactos ou bastões e lápis gordinhos, que permitem uma aplicação direto nos pontos-chave. Outra opção é usar o pó bronzant de todo dia para fazer contour. Mas cuidado: o efeito é menos discreto, uma vez que esses produtos têm subtons quentes para aquecer a expressão e dar o toque bronzeado. A nuance de marrom ideal para o contorno é mais fria para melhor simular o tom de um sombreado: “Para um resultado indetectável,o produto deve ter fundo acinzentado, já que as sombras que vemos no dia a dia são na verdade cinza, e não marrons”, explica a maquiadora Wendy Rowe, consultora criativa da Burberry.
É fundamental caprichar na hora de espalhar – um traço muito forte ou muito marcado é o maior pecado do contorno na vida real, então evite passar muito produto e suavize as bordas com um pincel limpo. Nesse caso, menos é definitivamente mais.