O mundo sofisticado perdeu sua representante mais nobre.
A estrela guia da sociedade do Rio de Janeiro saiu de cena.
Aos 78 anos, Gisella Amaral recebeu convite para brilhar em outra constelação neste céu de início de janeiro.
E deve ter sido recebida por Deus, para quem orava todos os dias da sua vida.
Além da fé, a elegância era sua marca registrada, tanto que na maturidade- em 2016, lacrou como modelo para a grife Eva, do grupo Reserva e foi a musa da campanha deste inverno da marca.
Aos 75 anos com styling de Dudu Bertholini, ela posou com peças inspiradas nos anos 1960, e arrasou em apenas três horas de estúdio.
Gisella vivia com o marido, o empresário Ricardo Amaral- considerado o rei da noite carioca, dono de várias casas noturnas como a chiquérrima “Hippopotamus”, no Rio de Janeiro.
Morava em uma cobertura tríplex, no Leblon, com a sala de visitas decorada com telas de Di Cavalcanti e Djanira, quadros com araras e porcelanas chinesas.
Apesar de um ícone da elegância e bem receber, ela nunca gostou de ser chamada de socialite.
Se denominava como uma empresária social, já que trabalhava em prol de 39 entidades de filantropia.
Dona de uma agenda de telefones poderosa, era famosa por tratar da mesma forma do porteiro ao presidente da República.
Conseguia comparecer a três eventos numa só noite. Seu segredo, como ela dizia eram os três S: surgir, sorrir e sair.
ESTILO ETERNO
Ela portava maxibijuterias e um lindo cabelo grisalho como ninguém.
Vestia desde Guy Laroche, Givenchy e Gianfranco Ferré até roupas compradas nas boutiques de Ipanema com o mesmo glamour.
“Visto o que me cai bem, sem me importar com marcas. Já usei vestidos de alta-costura belíssimos em festas badaladas de Paris, nos anos 1970, mas eles eram emprestados por grifes como Dior, Givenchy, Chanel”, declarou certa vez em uma entrevista.
Gisella não usava joias, além da aliança de casamento e um anel no dedo mindinho, com a imagem da Medalha Milagrosa, que ganhou de presente de uma amiga.
Pesava 53kg e media 1,70m. Medidas de modelo top.
Usava sempre os olhos marcados por lápis preto e delineador.
Gostava de perfumes com jasmim na composição.
Nunca escondeu as plásticas que fez.
Além das próteses de silicone que usava desde a mastectomia, fez liftings no rosto e aplicações de toxina botulínica.
O nariz, por volta dos 40 anos, foi operado por Ivo Pitanguy.
FIM DE UMA ERA
Na década passada, Gisella enfrentou o câncer quatro vezes.
Infelizmente perdeu esta última batalha.
Deixa o marido, Ricardo Amaral e filhos Rick e Bernardo, o filho mais novo, que deu a ela as netas Maria Julia, Mariana e Maria Fernanda que ela chamava carinhosamente de “amaralitos” (de Amaral).
Gisella foi deixar o céu mais brilhante e as estrelas fulgurantes e encontrar outra diva da sociedade carioca, Carmen Mayrink Veiga, que se despediu das festas terrenas em 2017.
Fica a saudade de uma mulher que foi impecável na vida e na aparência e de uma época glamorosa que não volta mais.