Nunca foi apenas uma festa. Veio da resistência através da arte, da fantasia, da purpurina no corpo, do arrepio ao ouvir a bateria. É a transgressão, o deboche, a comicidade. A irreverência magnífica e encantadora que Chico Buarque batizou de Evolução da Liberdade. O Carnaval é nosso grito de emancipação que, pela primeira vez em 89 anos, foi silenciado por um dos acontecimentos mais devastadores dos últimos tempos.
Nesse hiato, ressignificamos padrões, reavaliamos conceitos, nos distanciamos esperando poder abraçar de novo. Sentimos o aperto de saudade em nossos tamborins, Clara Nunes já cantava. Sentimos a dor, as perdas e compreendemos que era momento de olhar para dentro, de empatia, de cuidado com o próximo.
Depois de meses difíceis e de um ano sem comemorar a maior festa popular do mundo, a esperança ganha forma e a Arara começa a abrir as asas para pousar na Marquês de Sapucaí novamente. Junto com a águia da Portela, o Beija-Flor de Nilópolis, o pavão da Unidos da Tijuca. Já escutamos os sinais do samba-enredo da Mangueira, da bateria do Salgueiro e das letras do Paraíso do Tuití.
O Rio de Janeiro é uma das capitais líderes em vacinação. Já foram mais de 9 milhões de doses aplicadas e a perspectiva é de que a população da cidade esteja totalmente imunizada até 2022.
Sonhar com o carnaval é sonhar com a esperança de novo.
A emoção começa a tomar conta do peito, que bate no compasso da bateria.
O arrepio na pele do reencontro, o calor do abraço. O brilho nos olhos, nas roupas, no sorriso.
O Carnaval 2022 não será apenas o maior do século, mas um símbolo do retorno à vida que conhecemos, amamos, celebramos. E a Arara vai estar nesse reencontro com você para três noites de pura catarse, em uma edição que promete ficar na memória. “Melhor é poder devolver a esse povo a alegria”, cantava Wilson das Neves, outro grande baluarte da maior festa do mundo. Chegou a hora.
Fotos Bruno Ryfer