Exposição reúne acervo inédito, com projetos de design, mobiliário e urbanismo
Livre pensador e “inventor social”, como ele gostava de se apresentar, o arquiteto e urbanista Sérgio Bernardes (1919-2002) ganha exposição retrospectiva no Museu Nacional de Belas Arte. Inaugurada na última terça (17), a mostra “Sérgio Bernardes – 100 anos” resgata a trajetória de um visionário que marcou a arquitetura no Brasil, reunindo projetos de design, mobiliário e urbanismo. O visitante encontrará um recorte de sua extensa produção no Rio de Janeiro, a partir de inédito acervo de projetos e desenhos.
A homenagem marca também as celebrações de 2020, quando o Rio de Janeiro será a primeira Capital Mundial da Arquitetura e sediará o 27° Congresso Mundial de Arquitetura. A iniciativa é o resultado da parceria entre o Museu Nacional de Belas Artes, a Associação de Amigos do MNBA e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo-RJ.
Ao longo de quase 70 anos de trajetória profissional, Bernardes dedicou sua vida a estudar o Brasil e, particularmente, o Rio de Janeiro, o que influenciou a concepção de projetos transformadores da paisagem urbana. Sempre atento ao contexto social, deixou transparecer o acúmulo de ideias e pensamentos que se transformam a cada nova criação. Inventivas no uso e exploração da produção em escala industrial, da técnica e da tecnologia, suas propostas respondiam a diferentes épocas e acontecimentos do país e do mundo.
Bernardes foi alçado ao palco da arquitetura modernista na mais tenra idade. Sua produção, iniciada aos 15 anos, estende-se entre 1934 e 2000. Antes de concluir a faculdade, já fazia casas para a elite intelectual carioca. Em 1953, ganhou o prêmio de jovem arquiteto na 2ª Bienal de São Paulo com a casa da urbanista Lota de Macedo Soares. Ele procurava inovar com estruturas metálicas, num contraponto ao concreto armado em voga na época.
No conjunto de sua obra, destacam-se o Pavilhão de São Cristóvão (1960), o projeto Rio do Futuro, o Hotel Tambaú (1962), o Hotel Tropical de Manaus (1963/1970), o Planetário de Brasília (1974) e o Posto de Salvamento da cidade do Rio de Janeiro (1976).
Com curadoria de Adriana Caúla (EAU/UFF) e Kykah Bernardes (Plano Memória/Bernardes Arquitetura), projeto expográfico de Thiago Bernardes e produção de Claudia Pinheiro da DOIS UM Produções, a exposição contará com pranchas impressas dos projetos; peças de mobiliário de sua autoria; projeção de filmes, maquetes, curiosidades e documentos inéditos de Bernardes, salvaguardados no Núcleo de Pesquisa e Documentação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ (NPD/FAU/UFRJ).
“Durante décadas conviveram no mesmo endereço, na Avenida Rio Branco 199, o Museu Nacional de Belas Artes e a Escola Nacional de Belas Artes, com as suas diversas graduações, entre elas o curso de Arquitetura. Oscar Niemeyer, Lucio Costa e Sergio Bernardes, entre outros expoentes da arquitetura modernista brasileira, estudaram aqui, tornando o prédio do MNBA revestido de simbolismos”, explica Monica Xexéo, diretora do Museu.
Fotos Marco Rodrigues