Arquitetura, Decoração

Arquiteto Chicô Gouvêa leiloa mais de 900 itens de sua coleção particular

25 abr 2024 • por Nina Kauffmann • 0 Comentários

Um dos mais respeitados e criativos arquitetos cariocas, Chicô Gouvêa é conhecido por seus projetos arquitetônicos e design de móveis e objetos, que realçam sua brasilidade e suas cores. Mas o que nem todo mundo sabe é que ele é dono de uma grande coleção, com milhares de itens, que começou ainda na infância, e que há anos decoram a sua icônica casa na Gávea. As peças incluem arte africana, indígena e contemporânea, com importantes nomes, além de centenas de objetos, com destaque para uma grande coleção de peças lúdicas. Com o objetivo de simplificar a vida, cerca de 900 itens deste acervo, garimpados ao longo de muitos anos, serão leiloados a partir do dia 29 de abril por Jones Bergamin, o Peninha, da conceituada casa de leilão Bolsa de Arte. O leilão acontece on-line (www.bolsadearte.com) e as peças estão expostas na casa do arquiteto até esta sexta-feira, dia 26 de abril, com visitas mediante agendamento. 

“Sou um curioso, sempre gostei de garimpar e colecionar coisas inusitadas, como um conjunto de apontadores chineses, por exemplo. E sempre gostei de viver cercado dessas coisas diversas, mas, com a idade, resolvi simplificar a vida”, conta Chicô Gouvêa, que não vai se desfazer de toda a sua coleção. 

As peças leiloadas vão desde obras de arte contemporânea de nomes importantes, como Frans Krajcberg, Eduardo Sued, Glauco Rodrigues, Ascânio MMM, Ivan Serpa, de quem foi aluno, entre outros, passando por diversas peças de arte indígena, como plumagens e cocares, paixão adquirida há mais de 20 anos, quando foi trabalhar em Brasília e conheceu a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI). Há, ainda, uma grande coleção de máscaras e peças africanas, outra paixão do arquiteto. “A arte africana é super importante, pois é o início do cubismo, além de ser, junto com a arte indígena, a minha raiz, pois somos a combinação do indígena, do negro e do europeu. Quando comecei a colecionar arte africana e indígena as pessoas se assustavam, mas hoje isso tudo está em alta”, diz Chicô Gouvêa, que destaca, ainda, que os grafismos das artes africana e indígena influenciaram muito os móveis que desenhou.

Há, ainda, peças portuguesas, como conjuntos de azulejos, e gravuras japonesas, que datam desde o século XVIII até o início do século XX. Destaca-se, também, uma belíssima coleção de caixas de madeira em marchetaria com paisagens do Rio de Janeiro. “Escolhi as melhores que encontrei durante anos. Sou um carioca completamente apaixonado pelo Rio e há muitas referências à cidade na coleção”, conta o arquiteto, que incluiu no leilão também livros incríveis sobre a iconografia da cidade. 

Os objetos lúdicos são um capítulo à parte, com centenas de miniaturas de personagens de histórias em quadrinhos, como Tintin, e de desenhos animados, como Mickey Mouse, Betty Boop e Fred Flintstone. Além disso, parte de sua imensa e cobiçada coleção de soldadinhos de chumbo também fará parte do leilão. Completam a lista coleções de canecas, chaveiros, apontadores, livros e outras centenas de itens. “Todas as peças têm uma história, fazem parte de algum momento da minha vida”, diz Chicô. 

“A coleção traz uma visualidade constelar, que nos encanta a todo instante, pois contempla variadas criações artísticas em contínuo processo de interlocução. Reinventam em verdadeiro zigue-zague, tendo a brasilidade como tônus vital e um repertório de cores, formas e figuras que norteiam os percursos das aquisições de cada objeto, que considero fragmentos significativos das suas inquietações estéticas, próprias de sua gramática visual. Ali pulsa um mundo imaginativo muito atual, uma importante referência para as outras gerações”, afirma a curadora e historiadora da arte Vanda Klabin, amiga de Chicô desde a década de 1970, que assina o texto que acompanha a mostra. 

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