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Casa Vogue entrevista Henrique Szklo e desmistifica o processo criativo

10 nov 2020 • por Nina Kauffmann • 0 Comentários

Henrique Szklo fez carreira na publicidade. Trabalhou em grandes agências, envolveu-se em campanhas marcantes, colecionou prêmios. “Hoje estou curado”, diz, brincando. O humor, sempre presente em suas explicações e metáforas, foi a porta de saída do mundo corporativo e a ponte para a atividade que exerce desde 2004: o estudo da criatividade – habilidade bastante aflorada em sua função anterior, mas que, para muitos, não vem naturalmente. Em entrevista especial para Casa Vogue, o especialista explica quais são os segredos para adquirir essa habilidade. 
“Inventei uma forma de transportar meus processos cognitivos para os alunos”, conta o professor da Escola Panamericana de Arte e sócio da Escola Nômade para Mentes Criativas, portal de conteúdo sobre o tema com textos e material audiovisual, e vitrine de suas consultorias. 

A seguir, os principais momentos da entrevista que ele concedeu à Casa Vogue. 

Ao preparar esta entrevista, eu me questionei se deveria propor alguma forma mirabolante de conduzi-la [risos]. Não, não precisaria [risos]. Uma das coisas que tento fazer é desmitificar o processo da criatividade. Trata-se de uma habilidade como outra qualquer, possível de melhorar com a prática. Parte do meu trabalho é essa. Ele acontece em três outras coisas que nos incomodam – um filme, uma música, uma visão de mundo diferente, um assunto no qual não queremos tocar. A criatividade requer um mergulho em si mesmo e retornar para contar o que você viu, até mesmo os demônios. Permitir-se enxergá-los faz parte do processo dos grandes artistas da história. 

Vivemos um momento coletivo cheio de dores. Isso nos deixa mais criativos, por tabela? Qual a origem da necessidade de criar? A obrigação de nos adaptarmos a novas realidades. Freud já dizia que as pessoas só mudam quando o desconforto é maior do que o medo da mudança. Ou seja: está insuportável, não tem mais jeito, não dá para continuar assim. Nessa hora, você se desconecta de diversos códigos. Na dificuldade, o impulso de fazer diferente aumenta. Tanto que o esforço militar das guerras foi o maior motor de inovação da humanidade em termos de medicina, tecnologia, logística. A gente se vira, e até mesmo a situação que inicialmente nos levou a uma transformação torna-se padrão. É o que está acontecendo agora, na pandemia. Já chegamos a essa zona de conforto. 

Você diz que a criatividade não é um dom, mas uma ferramenta de adaptação biológica. Sim, porque sem ela ninguém sobrevive. Ela está em tudo, desde o sanduíche feito com o que tem na geladeira até a última geração do iPhone. Nós a usamos para resolver problemas inusitados, geralmente com base no improviso – com aqueles que são conhecidos, lançamos mão de soluções já testadas antes. Criatividade, na minha visão, é a evolução da capacidade de improvisar que todo animal possui. E, para isso, necessitamos do máximo de informações possível, a fim de estabelecer novas conexões, conseguir lidar com os desafios e sobreviver, proliferar e evoluir. 

Então somos todos criativos? Sim, em maior ou menor grau, e em áreas específicas. Uma confusão muito comum é achar que alguém criativo é assim o tempo inteiro. Não dá. Somos criativos em alguns nichos. Até porque, como a criatividade pressupõe desconforto, temos de escolher, senão ninguém aguenta. 

Segundo Szklo, estudioso do assunto há mais de 15 anos, somos todos capazes de desenvolver a criatividade, basta treinar para isso. Confira a íntegra da entrevista na edição de novembro da Casa Vogue.

créditos: Deco Cury
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