Moda

Volume Maciço por Xico Gonçalves

14 jul 2019 • por Nina Kauffmann • 0 Comentários

O “BOUFFANT” ESTÁ DE VOLTA
Cabelos inflados apareceram nas coleções de inverno sinalizando a volta dos cabelões.
A modelo Grace Elizabeth no pré fall 2019 da Versace viralizou nas redes sociais com o “pouf” decorado com três broches brilhantes.
Mas o cabelão que causou foi mostrado no desfile da coleção Valentino Couture Fall 2018/ 19, que sinalizou para um novo estilo surgindo.
O volume maciço dos cabelos mostrado no desfile é cheio de segredos. Foram utilizadas 50 perucas, 150 horas de tempo de preparação, 11 membros da equipe, 7 modelos e 250 processos de cores.
Este cabelo colossal que desafia a gravidade recriou os “bouffant” dos anos 1960 e conforme o press da marca, foram inspiradas no solilóquio de Molly Bloom no final do “Ulysses” de James Joyce.
O estilo foi criado pelo famoso cabeleireiro Guido Palau, com perucas tingidas pelo diretor criativo da Redken Global Color, Josh Wood, para atingir o volume máximo.
Guido Palau, é um cabeleireiro nascido na Grã-Bretanha, conhecido como um dos principais criadores de tendências na indústria da moda
O #BIGHAIR de Palau (como ele nomeou o hashtagged) já foi chamado de cabelos “pantera” no passado e muito populares na cabeça das socialites dos anos 1970, exigindo coleções de perucas para turbinar o penteado e bobbies tamanho gigantes.
A verdade é que os cabelos volumosos deixam a mulher muito sofisticada e pelo impacto que causaram no desfile de Valentino podem virar tendência para um visual de festa.
A palavra “bouffant”, que dá nome ao penteado, vem da expressão francesa bouffer, que significa “soprar para fora”. Adaptando a expressão ao penteado, poderíamos dizer que o volume de cabelo “sai” do seu natural e desafia a gravidade.
Foi no verão de 1959 que pela primeira vez, esse penteado estampou diversas capas de revista de moda, mas apenas nos anos 1960 que ele se popularizou.
De lá para cá, mulheres famosas e anônimas apostaram nesse “penteado bufante”.
Jack Onassis, Maria Callas e a brasileira Carmem Mairink Veiga usaram o penteado bouffant como uma espécie de “trade Mark” associadas à sua imagem.
Mas no final da década de 1960, os cabelos bufantes começaram a cair em desuso, especialmente entre as mulheres mais jovens. Facilidade e simplicidade de estilo estavam na ordem do dia.
Só voltaram a inflar a cabeça das “poderosas peruas” durante os excêntricos anos 1980.

MARIA ANTONIETA APROVARIA
Foi na cabeça de Maria Antonieta que surgiu esta tendência.
A polêmica rainha entrou para a história por usar a moda como um instrumento político e forma de aumentar ou sustentar sua autoridade através de novas roupas, sapatos e penteados, como o “pouf”, sua marca registrada para mostrar status e poder.
As perucas usadas por ela pesavam mais de oito quilos e podiam ser de fios naturais, crina de cavalo, lã ou seda.
O cabeleireiro Léonard era criador e responsável pelos penteados-esculturas
O “pouf” era montado em uma estrutura de arame, que chegava a três metros de altura, firmado com pomada e talco, bem diferente dos fixadores atuais.
Confeccionadas por seis pessoas trabalhando arduamente, levavam quase uma semana para serem feitas e eram enfeitadas com pedras preciosas, plumas, espelhos, flores, frutas e legumes.
Sob essa estrutura, a cabeça da rainha ganhava temas diversos para cada ocasião, já que as perucas usadas em festas, raramente eram repetidas. Algumas perucas criavam cenas completas de algum evento, que incluía mobília, jardins e gaiolas com pássaros vivos. O “pouf à l’inoculation”, por exemplo, representava uma serpente enroscada numa oliveira e, atrás, um sol gigante, para celebrar a decisão de Luís XVI de se vacinar contra a varíola.
Outros penteados famosos foram “pouf à la jardinière” e o “pouf à l’independence” um navio com quatro velas ao vento, homenagem à uma ilustração anônima de 1778.
Estas perucas brancas escondiam o cabelo natural de Maria Antonieta, um loiro claríssimo, quase platinado.
Existem registros históricos que garantem que a rainha teria perdido a cor dos fios ao saber da iminente decapitação.
O penteado virou inspiração para a corte que também adotou o visual de Maria Antonieta.
As armações gigantescas de algumas damas da corte exigiam a necessidade de rebaixar os acentos de suas carruagens para poderem viajar com conforto e também entrar e sair dos veículos com facilidade.
Para não desmanchar o penteado, algumas viajavam de joelhos, às vezes por horas, nas carruagens.

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