Um desfile de brilhar os olhos.
A celebração do único e do trabalho artístico da couture.
Pierpaolo Piccioli não se contenta em idealizar silhuetas grandiosas que agradam todas as mulheres.
O desfile de Valentino Haute Couture Outono Inverno 2019-20, que fechou a semana da alta costura, dia 3 de julho, foi uma celebração a beleza, a singularidade, a riqueza e a diferença da mulher em qualquer idade. Uma homenagem da moda a todas elas.
Aos 75 anos, Lauren Hutton, a lendária modelo dos anos 1970 e parceira de Richard Gere em “Gigolô Americano”, mostrou que a beleza madura anda em alta.
Tudo neste desfile se mostra grandioso como na ópera, com uma poesia imprevisível em cada look.
Cada uma das 72 imagens criadas individualmente com tons hiper-saturadas e proporções exageradas.
Paisagens bordadas, acabamentos texturizados, maxis flores, babados verticais, mega laços em construções elaboradas, tudo muito elegante e equilibrado. Você pode até achar ousado, mas jamais vulgar.
Com a lã em primeiro plano – inclusive com a utilização de ornamentos com as franjas tradicionais dos cachecóis, a proposta é de grandes mantôs formando patchwork de paisagens bucólicas, mas sem espaço para a monotonia.
Babados e drapeados de tafetá em tons elétricos de roxo, verde-esmeralda e laranja (em um jogo de cores fenomenal), vestidos com apliques florais tão minuciosos que levaram 990 horas para ser concluídos, além de capas com tramas vazadas, brincos de penduricalhos folk e saiotes em camadas de franjas de lã.
Headpieces em profusão com uma pegada étnica andina, adornadas com pompons, fios, bordados e penas.
Pierpaolo Piccioli declarou à imprensa que a imagem desta coleção não é específica de algum lugar ou de uma etnia. É mais uma combinação de raízes e identidades unindo a graça de todas as mulheres.
E estas mulheres apareceram em muitas etnias e de todas as idades. Lauren Hutton, 75 anos, Cecilia Chancellor, 52 anos ou mesmo Georgina Grenville, 43 anos brilharam entre beldades adolescentes.
A mensagem da coleção está clara- um recado de inclusão da mulher madura. O fim da invisibilidade depois de uma certa fase da vida.
JARDIM DAS MARAVILHAS
Do universo das flores, brotaram a inspiração para cores, estampas, construções e volumes inusitados.
O processo criativo de Pierpaolo com os florais, conforme o crítico da Vogue UK Anders Christian Madsen é: “pense em Elizabeth Taylor explodindo no espaço de mãos dadas com David Bowie e você está no caminho certo”.
Na fila final, a música “ You Make me Feel like a Natural Woman” revelava o caminho da inspiração de Pierpaolo.
Não por acaso, o estilista decidiu colher os aplausos da plateia ao lado de toda a equipe do ateliê, promovendo um encontro emocionante entre as antigas costureiras e o fundador da marca, Valentino Garavani, o último da geração de grandes costureiros ainda vivo.
Aposentado do métier, Valentino assistiu ao show na primeira fila, ao lado da atriz Gwyneth Paltrow.