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Francisco Terra realiza desfile físico em Paris

27 jun 2021 • por Nina Kauffmann • 0 Comentários

“A Covid me permitiu revisar muitas coisas”, diz Francisco Terra, designer brasileiro. Na quinta-feira (24), ele organizou um dos poucos desfiles físicos em Paris durante a semana da moda, mas fora dos calendário oficial e com seu próprio formato.

Do preto brilhante estilo vinil ao denim cru colorido de forma artesanal, passando pelas cores do arco-íris: modelos saíram de uma instalação no Consulado – centro da arte efêmera em uma antiga fábrica de distribuição elétrica em Paris, diante de aproximadamente cem convidados – que representava um disco voador com formas de boca, evocando também o sexo feminino.

Sua marca parisiense Neith Nyer se tornou Rolê, gíria nascida nas favelas. Depois de mais de um ano de confinamento e virtual, Francisco Terra não quis fazer um filme, opção escolhida nesta temporada pela esmagadora maioria das marcas.

“Uma roupa é feita para viver. Fiquei muito frustrado com as apresentações digitais no ano passado, não consegui me encontrar”, disse à AFP o estilista de 37 anos poucos dias antes do desfile em seu apartamento parisiense que também serve como seu ateliê.

Seu desfile foi seguido por uma série de eventos ao longo de quatro dias, incluindo uma loja pop-up “para testar a reação dos clientes logo após o desfile”, conferências e aperitivos.


– “Sacrifício” –

Ele não se inscreveu no calendário oficial, como fazia desde a criação de sua marca em 2017. Se a Federação se gaba do lado “democrático” do seu calendário, no qual todas as marcas são tratadas com igualdade, independentemente da sua reputação e volume de negócios, para Francisco Terra é um peso enorme. Porque na realidade “nem todas as marcas têm os mesmos meios. Sempre foi um sacrifício acompanhar as grandes”, diz ele. 

Outra restrição: estar inscrito nas Semanas de Moda Feminina. “Isso me gerou problemas, pois desde o início me livrei das questões de gênero, sempre misturei os dois nos meus desfiles”, conta Francisco. E as datas das semanas da moda feminina, março e setembro, não são vantajosas para uma marca como a dele, pois os compradores que trabalham para “lojas-conceito” estão no limite do orçamento nessas épocas.


– Miley Cyrus e Bella Hadid em rosa –

“Vou abraçar meu lado do artista e apresentar as minhas coleções fora do formato clássico. A Covid tem-me permitido libertar-me das amarras do calendário, da sazonalidade, fazendo com que os casacos comecem a ser vendidos em setembro e não no momento em que faz frio”, explica.

Se do ponto de vista financeiro é importante se apresentar em Paris, quando os compradores estão na cidade, as semanas da moda não têm muito impacto para ele em termos de imagem, garante. “Eu acredito que não precisamos muito do calendário. A imagem de uma marca jovem vai se consolidar no Instagram com as celebridades e, principalmente, fora das temporadas”. diz Francisco.

Suas vendas dispararam quando a cantora americana Miley Cyrus usou um vestido de seda rosa Neith Nyer e quando a modelo Bella Hadid apareceu nas redes sociais com uma saia de seda e top de látex assimétrico de sua grife. “Looks inteiramente rosa, talvez essa seja a minha cor”, brinca o estilista, que está determinado em “despertar o desejo de usar peças coloridas em Paris, muito chiques, mas muito sombrias e escuras, principalmente no inverno”.

Denim claro tingidos à mão com tintas têxteis, tops e segunda pele em cashemere reciclado vermelha com efeito marmoreado, jaquetas em couro vegetal: nesta coleção colorida, “nada é novo, me apoio muito na reciclagem e no upcycling”, destaca. “É um desafio. Quando falamos com os clientes sobre reciclagem ou sustentabilidade, eles temem que tudo fique cru, feio, triste”, conclui Terra. 

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