O desfile da Fendi para o inverno 2019/20 que aconteceu esta semana em Milão foi pura emoção.
Afinal esta foi a última colaboração de Karl Lagerfeld para a marca italiana, embora seu legado deva continuar por anos.
Silvia Venturini Fendi, que conhecia Karl desde os quatro anos, adotou o rótulo “Love KL” que foi posicionado acima da pista de desfile.
O show mostrado pela Fendi traz de volta a velha elegância, brincando com novidades em cima de clássicos.
Uma sucessão de neutros adultos, amarrados com laços enormes e pontilhados de traços de cor, com uma saia verde plissada aqui, uma bota rosa ali.
Boa parte das propostas foram mostradas na moderna tonalidade Taupe, também chamada de cor Fendi.
Fendi é uma grife italiana fundada em 1925. E uma das suas marcas registradas é a cor fendi – um mistura de marrom/bege e cinza criada na época e que faz sucesso até hoje na moda
Esta é a cor do momento.
É um cinza pardo e foi visto a exaustão no desfile da Louis Vuitton Man 2019 assinada por Virgil Abloh.
Digamos que é o contrário do Greige, que é um marrom com toques de cinza.
É muito chique e já chegou as ruas no hemisfério norte.
No desfile esta tonalidade foi mega explorada nas roupas e nas lindas bolsas da grife.
Na coleção entre outras surpresas, os colarinhos eduardianos altos e duros que o próprio Lagerfeld usava.
A alfaiataria desfilou forte com costuras geométricas, vestidos e blusas na atualíssima linha A, saias midi com sobreposições de plissados e destaque para o jogo de camadas e translucidez que incluía couro “arrastão” perfurado a laser.
O logotipo duplo F interligado (apelidado de “Karligraphy”), que o próprio Lagerfeld inventou em 1981, foi repaginado na fonte de sua própria caligrafia e estampado em meias e outras peças.
As peles, tradicionais nos desfiles da marca, incluía uma camisa de vison de alta qualidade.
Nas bolsas destaque para as Clutch dobradas.
O antigo colaborador musical de Lagerfeld, Michel Gaubert tocou uma trilha sonora biográfica que começou com Lou Reed e John Cale em “Small Town”, um brilhante “Sono Triste”, e terminou com “Heroes” de David Bowie – em homenagem a Lagerfeld que saiu de Hamburgo para se tornar um ícone cultural internacionalmente reconhecido e reverenciado.
A coleção foi encerrada por Bella e Gigi Hadid, ambas usando vestidos midi de cintura fina em tecidos com monograma- mas este não era ainda o final do show.
Quando saíram do palco e as luzes se apagaram, iniciou um pequeno clipe, gravado pelo cineasta Loic Prigent – que pediu a Karl para desenhar e descrever o seu visual no dia em que chegou a Roma, para trabalhar para a Fendi, há 54 anos atrás.
Karl rabiscou um croqui com um boneco usando um chapéu fedora Cerruti cobrindo seus cabelos longos, uma jaqueta Norfolk em tweed inglês amarelo e vermelho, uma gravata Lavalliere impressa, knickerbockers franceses e óculos escuros – um visual que ele descreveu como “ mauvais gen ” (desonroso).
Foi a melhor maneira de homenagear o Kaiser, com imagens dele fazendo exatamente o que amava.
Após a exibição do vídeo, Venturini Fendi, agradecendo a sua equipe, socou o ar e repetiu as palavras que Lagerfeld usava para comemorar cada coleção:
“E agora, a próxima!”
Que venham grandes temporadas para a Fendi, com todas as propostas que Lagerfeld deixou de herança para a marca.
25 fev 2019 • por Nina Kauffmann • 0 Comentários