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Clones é o nome da nova coleção Balenciaga para primavera 2022

10 jun 2021 • por Nina Kauffmann • 0 Comentários

A audiência apresentou-se conformista e toda vestida de preto, no último vídeo iconoclástico da Balenciaga lançado no fim-de-semana, que revelou uma coleção intitulada Clones, para a  primavera 2022, recorrendo a apenas um modelo, e ironizando o momento que vivemos.

Apesar de tudo, cerca de 160 pessoas conseguiram fazer parte da audiência, sentadas num espaço todo branco digno do filme THX 1138 (1971) de George Lucas, distribuídas por quatro fileiras, respeitando o distanciamento social; e muitas delas usando celulares para gravar os looks usados pela pintora americana Eliza Douglas, radicada em Frankfurt (Alemanha), presença constante nos mais recentes espetáulos da Balenciaga.
 
“Vemos o nosso mundo através de um filtro – aperfeiçoado, polido, conformado, fotografado. Já não deciframos entre não editado e alterado, genuíno e falsificado, tangível e conceitual, fato e ficção, falso e profundamente falso. A tecnologia cria realidades e identidades alternativas, um mundo de clones digitais”, argumentou o diretor criativo da Balenciaga, Demna Gvasalia, em um comunicado de imprensa.


 
Para ressaltar o seu ponto de vista, Demna – como é universalmente conhecido o designer de moda georgiano – conseguiu que o diretor de vídeo francês Quentin Deronzier transformasse digitalmente Eliza Douglas em uma série de clones digitais, alguns dos quais eram deepfakes, ou modelos com o rosto de Eliza digitalizado por fotogrametria ou digitalizado por CG.

A coleção também apresentou Demna Gvasalia devolvendo o elogio ao seu colega italiano do conglomerado KeringAlessandro Michele, diretor criativo da Gucci. Há um mês, na coleção ‘Aria’ de 15 de abril da Gucci, Michele mostrou a sua primeira colaboração com a Balenciaga – casacos de hackingblazers e parkas inscritos com os logptipos da Balenciaga e o duplo “G” nas malas de couro preto.
 
Gvasalia respondeu com alguns grandes e fantásticos sacos Gucci pretos, com o duplo “G”; e mini bolsas de tiracolo com alças e guarnições vermelhas e verdes, completadas por fivelas com duplo “B”. Um humorista nato, que chegou ao cúmulo de apresentar até uma bolsa com a inscrição: “This is Not a Gucci Bag”.

Do ponto de vista comercial, esta é uma coleção com ativos valiosos, coroada pelo acessório da temporada, um cinto de couro bege Gucci com fivela BB invertida, lançado cinco meses antes de chegar às lojas.

Demna Gvasalia, que exibiu uma falsa armadura de cavaleiro no vídeo anterior da marca, ainda jogou com o humor medieval, desta vez com peças de cabeça em prata – à imagem do item de proteção denominado almofar ou camal – cromo e metal enferrujado.Toda a sua trajetória na maison de moda foi definida pelo volume, e essa coleção o levou a um novo patamar: com enormes jeans de rapper da TLC, com vários botões de pressão; batinas gigantescas de freira, embora em amarelo canário; blazers de tweed gigantes usados com leggings e botas.

Algo da juventude do designer, que cresceu nos últimos dias da União Soviética às margens do Mar Negro, também surgiu em todos as echarpes babushka; vestidos góticos metálicos; e agasalhos retrô socialistas. Além disso, a sua capacidade de combinar streetwear e chique continua sendo um banquete para os olhos, desde as sacolas de plástico verde limão, que em breve serão as estrelas de vários editoriais de moda, até aos jeans gigantes com super fivelas e logotipos “Balenciaga” escritos à mão.

Reforçando o sentido de humor inabalável do designer, a trilha sonora foi uma interpretação satírica do clássico ‘La Vie en Rose’ que foi lido em vez de cantado, pelo compositor francês BFRND. Um toque espacial para um espetáculo especial.

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