Moda

Cintura Marcada

30 set 2019 • por Xico Gonçalves • 1 Comentário

O cinto foi acessório onipresente nas passarelas que traduzem as tendências para a temporada 2020, de inverno e verão.
Confeccionados com detalhes e materiais mais nobres, o item surgiu para aparecer como nunca, marcando a cintura dos jeans a vestidos de festa.
Protagonista em evidência, os cintos vêm aparecendo cada vez mais, com forte presença nas roupas e com uma função que vai muito além de apenas segurar as calças. A vantagem é que além de feminino, ainda afina a silhueta.
Não é de hoje que marcar a cintura é tendência.
O estilo ampulheta já faz parte da moda em muitas épocas e graças a este recurso Christian Dior se tornou um dos estilistas mais desejados entre a mulheres a partir do seu ‘New Look” de 1947. Até hoje a maison revisita a silhueta do passado nas criações contemporâneas da grife, usando a cintura fina como objetivo principal.
Quem acompanha os desfiles internacionais já se ligou que este recurso muito usado nos anos 1980 voltou poderoso nas passarelas influentes, e isso inclui a silhueta típica da década, com ombros imponentes, comprimentos curtos e cintura bem ajustada.
Na década de oitenta o cós alto e a cintura em destaque praticamente dominaram a moda. Os espartilhos e cintos largos marcavam com tons fortes a cintura para valorizar o tamanho das ombreiras.
Foi só na coleção de outono inverno 1995/96 que Alexander McQueen teve a idéia de lançar a cintura superbaixa da calça mostrada em um dos seus primeiros desfiles. O cós baixo a partir deste desfile virou mania internacional.
Porém, recentemente as peças de cintura alta retornaram com muito sucesso entre as consumidoras, principalmente pela vantagem de alongar a silhueta e servir de base perfeita para o cinto virar “statement” e aparecer por completo.
CINTURA DE VESPA
Cintura de vespa é como se chamava um estilo dos anos cinquenta que definia a cintura com muito sacrifício. Quanto mais fina, mais elegante.
Para o efeito parecer ainda mais eficiente, as saias eram volumosas e os cintos elásticos.
As “cinturitas”- como eram chamadas na época, quase dividiam pelo meio as modernas que as usavam.
E a cintura está novamente no foco da moda. Delinear e enfeitar esta parte do corpo pode ser a grande tendência do momento.
VOLTA AO ORIGINAL
Depois de muitas estações consecutivas do cós baixo, a moda resolveu devolver a cintura para o lugar original.
Felicidade para muitas consumidoras que só usaram a cintura baixa porque era a única opção das lojas.
Nem todo o corpo fica favorecido pelo deslocamento da cintura para os quadris, especialmente quem os têm amplos ou pernas curtas.
A cintura no lugar favorece melhor o formato anatômico das brasileiras e valoriza o bumbum, pois não achata as nádegas e alonga as pernas, além de trazer de volta acessórios fetiches como o espartilho e os cintos de cintura.
O TRUQUE DO ESPARTILHO
Uma boa maneira de marcar a cintura é se acostumar ao uso do espartilho.
Esta peça era e ainda é o segredo das estrelas de Hollywood para afinar a silhueta em cena.
Fica evidente quando elas aparecem de lado. Preste a atenção. Nem duzentos abdominais por dia conseguem o mesmo efeito.
E no Red Carpet de qualquer festival de cinema não existe vestido que não estrangule a cintura das atrizes mais bem vestidas.
Só que o espartilho atual para marcar a cintura é uma versão “light” dos artefatos usados durante o século XIX e agora são chamados de corseletes.
O corselete se assemelha ao espartilho, mas são menos rígidos, ainda que estruturados, podendo ser construídos em apenas uma camada de tecido. Também possui barbatanas, muitas vezes de aço, mas eventualmente de plástico ou silicone. A maior diferença está no fechamento. Os espartilhos necessariamente precisam ser fechados com amarração, enquanto o corselete pode ter seu fechamento em ilhoses e até mesmo zíper.
O efeito também é diferente. O corselete tem uma estrutura normalmente acinturada, podendo criar uma aparência de cintura mais fina. Mas essa peça não faz nenhuma alteração permanente no corpo, apenas causa efeitos visuais para compor o look.
HISTÓRIA DAS CINTURAS TORTURADAS
O espartilho no passado era uma peça de lingerie ortopédica feita de barbatanas de aço ou ossos de baleia presas a um tecido resistente e ajustada por cordões. Servia para afinar e modelar o corpo, especialmente a cintura, uma espécie de estojo para o corpo feminino.
O triunfo dos espartilhos dominou como um tirano em todo o século XIX.
Neste período da história as mulheres resolveram mudar os contornos dos seus corpos, sempre torturando a cintura.
Por volta de 1830 a mulher romântica da época devia ter uma cintura muito fina e aumentar o volume das mangas para se parecer a um inseto. A famosa Imperatriz Sissi, da Áustria, que ficou famosa nos filmes de Hollywood, se gabava por ter uma cintura de apenas 48 cm, mais fina do que uma bola de futebol americano.
A partir de1859 as mulheres deveriam ter o formato de ampulhetas. Quanto maior o balão das saias -ampliadas pelas crinolinas (saias de armação), mais apertadas eram as pences na cintura.
Já no período da “belle époque”, a silhueta feminina tomou a forma de “S” e os espartilhos se tornaram tão apertados que as elegantes não conseguiam se abaixar. Muitas desmaiavam pela falta de ar.
O espartilho só foi abolido a partir de 1910, quando o costureiro francês Paul Poiret inspirado pelo figurino do Ballet Russo de Serge de Diaghilev, que visitava Paris, propôs a volta de uma silhueta natural.
Chanel também ajudou a eliminar este acessório torturante do guarda roupa feminino lançando peças mais confortáveis.
Hoje ninguém é obrigado a se apertar para parecer bela, mas tem horas que um sacrifício a mais vale a pena.
Os saltos altos que o digam!

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1 Comentário
  1. Ana Teresa Patrão   ///   01/10/2019 - 10H55

    Adorei!Sempre gostei de marcar a cintura! Parabéns pelo post!

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