Agosto é considerado o mês das bruxas.
A arte de descortinar o futuro está se tornando uma obsessão, graças a crise mundial e a incerteza do dia seguinte.
A moda, como espelho de nossas atitudes, sintonizou no astral.
Nem precisa consultar as cartas para sacar que a trend esotérica vai ser sucesso em muitas temporadas.
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Para encarar o mundo real o melhor é assumir a atitude de bruxas e feiticeiras: elas falam firme e sem medo, tem vontade própria e olham de frente.
Talvez por isso provoquem medo.
A moda e as mulheres descobriram que se inspirar em fadas e princesas é coisa para adolescentes.
Mas não espere bruxas rebeldes.
A bruxaria de butique é tão sofisticada quanto o antigo seriado “A Feiticeira”.
Tarô e Ocultismo na moda internacional
Elementos do tarô e símbolos do ocultismo já pontuaram nas coleções da Dior.
Mas as bruxas urbanas não voaram só́ na Dior.
Apareceram mais street em grifes como Vetements (com túnicas, capuzes, pentagramas e misturinhas Black metal).
Em outras, ganharam contornos meio de santas, sacerdotisas.
como na Marc Jacob e Preem, assim como a novata Dilara Findikoglu, que investiram em luas místicas, estrelas e olhos à la talismã para decorar jaquetas, calças, casacos e até elaborados vestidos de festa.
Quem também embarcou na onda foi Alessandro Michele, que convidou a designer e ilustradora Jayde Fish para criar um baralho de tarô especialmente para a Gucci, com padronagens de cara vintage, que mesclam animais, corações e flores – desenhos que Michele vem usando bastante em suas roupas e acessórios.
Bruxas urbanas
A italiana Maria Grazia Chiuri, na sua estreia na Dior transformou em desejo, itens de influência esotérica – as referências foram tão literais que, em um dos desfiles de alta-costura da Dior, as cartas de tarô faziam parte até do cenário da apresentação.
Ela inclusive uniu feiticeiras com um discurso feminista, incluindo na camiseta a frase da feminista negra Chimamanda Ngozi Adichie: “We should all be feminists”.
A própria Chimamanda foi ao desfile da Dior e apoiou a iniciativa.
Magia Dior
Não é exagero usar o termo “magia Dior”, já que o fundador da marca era um místico que desenhou sua carreira com um rascunho espiritual.
Christian Dior visitou uma vidente pela primeira vez em 1919, aos 14 anos.
Por isto, Maria Grazia Chiuri, em sua primeira coleção na Dior, retomou o tema familiar à Maison com os símbolos do ocultismo e desenhos de cartas de tarô de Marselha.
Os arcanos maiores e menores do baralho desenharam bordados e estampas em vestidos e acessórios de impacto.
No resort 2018, apresentado nas montanhas de Santa Mônica, na Califórnia, não foi diferente.
Ao invés do tarô de Marselha, Maria Grazia investiu em uma releitura dessas cartas feitas em 1981 pelas norte-americanas Karen Vogel e Vicki Noble.
A dupla revisitou cada um dos arquétipos dando a eles uma abordagem feminista.
Assim, as figuras majoritariamente masculinas do tarô se transformaram em mulheres: tudo no intuito de colocar o feminino de volta na história.
As cartas do baralho Motherpeace – como é chamada a releitura feita pela dupla – são redondas e seus desenhos (feitos sempre com a mão esquerda que representa o nosso lado inconsciente) tem um jeito primitivista que remonta a arte rupestre.