Mostra reflete sobre similaridades entre o Brasil e cinco países de língua portuguesa da África. Esculturas de pau preto dos Makonde (Moçambique), Panus di Penti da Guiné Bissau, as psilhelekedane do artista moçambicano Dino Jehtá e o artesanato teçume do povo Sateré-Mawé (Amazônia, Brasil), além de vídeos com depoimentos dos artistas, integram a exposição.
Público pode visitar gratuitamente, mediante agendamento prévio feito na página da unidade na Internet (sescsp.org.br/consolacao ). No Sesc, a retomada de atividades presenciais segue protocolos de órgãos de saúde pública para evitar o contágio e disseminação da Covid-19
Refletir sobre as semelhanças e trocas culturais entre o Brasil e os cinco países africanos que também foram colonizados por portugueses: Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Este é o fio que conduz a exposição Países Espelhados: objetos, imagens, sabores, memórias: encontros culturais entre o Brasil e nações africanas de língua portuguesa, mostra inédita que está em cartaz até o dia 27 de fevereiro no Sesc Consolação. Com curadoria do designer Renato Imbroisi, a exposição reúne imagens, objetos de arte e artesanato, produção têxtil, esculturas e criações literárias destes seis países.
A mostra, que teve sua abertura adiada devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, pode ser visitada gratuitamente pelo público de terça a sexta, das 15h às 21h, e aos sábados, das 10h às 14h, mediante agendamento prévio pelo site sescsp.org.br/consolacao. A permanência máxima na unidade é de 60 minutos e o uso de máscara facial é obrigatório para todas as pessoas durante toda a visita.
A exposição reforça a potência dos intercâmbios culturais e promove o respeito às diferenças – valores que dialogam com o propósito do Sesc São Paulo. Por meio de Países Espelhados: objetos, imagens, sabores, memórias: encontros culturais entre o Brasil e nações africanas de língua portuguesa, a instituição reforça seu compromisso em incentivar a difusão de expressões artísticas que contribuem para provocar reflexões e ações na construção de sociedades mais justas e solidárias.
Um dos objetivos da mostra é celebrar os traços comuns entre esses povos distantes e revelar a alegria de se reconhecer no outro. Um mapa na parede da entrada do Sesc Consolação indica a localização de cada país que integra a exposição e traz uma descrição sucinta de elementos de sua história e cultura que se relacionam com as peças exibidas no espaço.
Esculturas de pau preto dos Makonde (Moçambique), Panus di Penti da Guiné Bissau, as psilhelekedane do artista moçambicano Dino Jehtá e o artesanato teçume do povo Sateré-Mawé (Amazônia, Brasil), além de vídeos com depoimentos dos artistas, integram a exposição. O cotidiano dos mercados também estará contemplado na mostra por meio de fotografias e objetos/ obras.
Renato Imbroisi, curador da mostra e coautor do livro LÁ e CÁ – trocas culturais entre o Brasil e países africanos de língua portuguesa (Editora Senac), escrito com Maria Emilia Kubrusly, observou a percepção da proximidade cultural do Brasil com países da África há 17 anos, quando foi a Moçambique pela primeira vez para organizar uma escola de artes para jovens na aldeia de Maciene.
Uma das primeiras peças que viu nessa viagem foi um tecido feito em tear manual com tiras de capulanas (nome local para os coloridos panos africanos), que lhe remeteu imediatamente à tecelagem manual praticada no povoado rural do Muquém, em Minas Gerais, com tiras cortadas do também colorido chitão, tecido bem brasileiro.
A partir daí, em muitas viagens anuais para Moçambique e outros países africanos de língua portuguesa onde trabalha, Imbroisi manteve olhar atento a proximidades e distâncias: as tramas em palha da palmeira piaçava tingida em cores vivas no litoral Norte da Bahia e a cestaria feita com espécie semelhante de palmeira, também coloridíssima, no litoral Norte de Cabo Delgado, em Moçambique; os grafismos da cestaria tradicional dos povos baniwa, da Amazônia, e os desenhos semelhantes produzidos por uma cesteira de São Tomé e Príncipe; os chamados panus di terra, de Cabo Verde, que remetem ao tradicional pano da costa, da Bahia; as esculturas em mafurreira, madeira leve de Moçambique, que reproduzem, em miniatura, cenas cotidianas, e a modelagem em argila do Mestre Vitalino e gerações de seguidores de seu estilo na cerâmica figurativa do Nordeste, entre muitas outras descobertas e constatações.
Na mostra, peças feitas por artesãos destes seis países serão apresentadas, assim como fotografias de paisagens e cenas dos países de seus autores, de suas obras e dos locais onde vivem. O curador reforça que o público será instigado a refletir sobre uma semelhança que, justamente por não ser idêntica, revela a pluralidade cultural.
“É comum para nós, brasileiros, sermos surpreendidos ao desembarcar nestes países, até pelo jeito de falar português, diferente do nosso e do de Portugal também. Há uma sensação de reconhecimento, a impressão de estar perto de casa, ou de já ter visto alguma coisa dali, vivido situação semelhante. Ao mesmo tempo, a diversidade cultural traz admiração e o prazer de se deparar com algo novo, com identidade própria definida, diferente de nós e, por isso mesmo, encantador”, pontua Renato Imbroisi.
Países Espelhados: objetos, imagens, sabores, memórias: encontros culturais entre o Brasil e nações africanas de língua portuguesa
Local: Sesc Consolação
Curadoria: Renato Imbroisi
Período expositivo: Até 27 de fevereiro de 2021
Funcionamento: Terça a sexta, das 15h às 21h, e aos sábados, das 10h às 14h
Tempo de visitação: até 60 minutos
Agendamento de visitas: https://www.sescsp.org.br/consolacao